sábado, janeiro 26, 2019

HISTÓRIA DE ARARIPINA: AS ELEIÇÕES DE 02 DE AGOSTO DE 1963 DAR O PRIMEIRO MANDATO A SEBASTO



Sebastião Batista Modesto (Sebasto)

as eleições de 1963, Seu Né decidiu dar o seu apoio a José Arnaud Campos, de origem udenista, agora do Partido Social Trabalhista – PST, que se coliga com o PSD. José Gualter Alencar, também de raízes udenistas, parente ainda do governador Miguel Arraes, obstinou-se em ser candidato a prefeito. Alegava o apoio e a preferência do governador. Terminou por vencer a resistência de Seu Né e saiu candidato. Do outro lado, uma coligação udenistas, pessedistas, petebista, abrigadas na sigla PTB, lançou a candidatura de Sebastião Batista Modesto, Sebasto, para prefeito e João Lyra de Carvalho, genro de Joaquim Modesto, para vice-prefeito.

A família Pereira Lima, comandada por Quinca e Pe. Gonçalo, de grande peso eleitoral, não se decidiu de logo a quem dar o apoio político. Buscava o sustentáculo para a candidatura de Quinca na Assembleia Legislativa. De última hora, veio à tona um acordo com Dionísio de Deus Lima, para apoiar Quinca pela coligação local. Esse acordo pegou Seu Né de surpresa, pois fora celebrado debaixo de sete capas. Seu Né amargou, pela primeira vez, na sua longa e bem sucedida carreira política uma derrota. Não veio o apoio do governador ao seu parente e Sebasto ganhou folgadamente o seu primeiro mandato de prefeito

As chapas assim se foram compostas: para prefeito e vice-prefeito, pelo PSD, José Gualter Alencar e José Arruda Jacó; para subprefeito de Morais, Elias Marcolino de Oliveira e Addon Gomes da Silva; para subprefeito de Olho D’Água, Aurílio Cordeiro da Silva, Teodoro Eugênio de Oliveira e Carlos Gomes Ferreira; para vereadores, pela UDN, Gonçalo Silvestre de Lima, Francisco Jeú de Andrade, José Arnaud Campos, João Teixeira Leite, José Osmínio Jacó, Raimundo Leônidas Coelho, Otacílio Leocádio da Silva, José Alcebíades de Souza, Marcos Pereira Lima, Joaquim Carlos Sobrinho, Valmir Nunes de Matos e Manoel Alves Feitosa; pelo PTB, Ancilon Mendes da Costa, Antão Francisco do Nascimento, Dionísio de Deus Lima, Edmundo Trajano de Souza, Genésio Pereira de Melo, Gerson Clarecindo Coelho, Dr. José Araújo Lima, Miguel Braz Sobrinho, Moisés Bom de Oliveira, Miguel Antônio de Alencar, Olegário Pereira Lacerda e Carlos Delmondes de Oliveira. 

Apurados os votos, foram eleitos para prefeito, vice-prefeito e subprefeitos, Sebastião Batista Modesto, João Lyra de Carvalho, Elias Marcolino de Oliveira e Aurílio Cordeiro e Silva; para vereadores, Genésio Pereira de Melo, Moisés Bom de Oliveira, Miguel Braz Sobrinho, Dionísio de Deus Lima, Ancilon Mendes da Costa, José Arnaud Campos, Otacílio Leocádio da Silva, Marcos Pereira Lima e Raimundo Leônidas Coelho. 

A oligarquia pessedista local estava nos estertores. Muita gente nova participava ou queria participar das decisões políticas. Uma nova mentalidade surgia em Araripina. A campanha foi um tanto acirrada, mas se conteve dentro dos limites do respeito. O resultado do pleito foi aceito democraticamente. 

A eleição foi presidida pelo Dr. Vânio Fox da Rocha Pereira. 

Os prefeitos que precederam Sebasto eram homens de negócios, prósperos comerciantes, Seu Né, Seu Gonzaga e Quinca Livino. Suas atividades privadas absorviam a maior parte de seu tempo, sobrando pouco para a Prefeitura. A custo de grandes sacrifícios e prejuízos financeiros, puderam conciliar a administração municipal com a de seus negócios privados. Homens de recursos, entendiam que a atividade política os obrigava a atender as necessidades pessoais dos eleitores, remédio, roupa, sapatos, passagens, socorro médico, hospitalar, etc. Isso implicava despesas que saiam de seu próprio bolso, porque a Prefeitura não dispunha de recursos especiais e nem de assistência social. 

Sebasto, funcionário público federal, solteiro, pode dar tempo integral à Prefeitura. Contava com a apoio da Câmara Municipal e teve condições de fazer uma administração que serviu de “demarrage” do progresso e do desenvolvimento de Araripina. Implantou uma infraestrutura administrativa e urbanística que lhe permitiu realizar a melhor administração que Araripina já tivera até então. Construiu dezenas de prédios escolares, implantou o serviço de telefone na Cidade, construiu praças e jardins, arborizou a Cidade, deixando um acervo de obras, pelo que mereceu a outorga de honrarias pela União Municipalista do Nordeste. Adiante, o acervo de suas realizações à frente da Prefeitura de Araripina, em dois períodos de administração. 

O golpe militar de 1964 não atingiu a administração de Sebasto. A legislação revolucionária prorrogou o mandato dos prefeitos, para estabelecer a coincidência das eleições municipais, que realizariam em 15 de novembro de 1968.

É o seguinte o acervo de realizações nos dois períodos de administração: Construção de prédio escolar, com sala, carteiras, quadro e birô, no Sítio Zé Martins, no sítio Iracema, no sítio Santana, no sítio Santa Rosa, no sítio Jatobá, na Serra do Caruá, na Serra do Marinheiro, na Serra do Simões, no sítio Cansanção, no sítio Santa Luzia, no sítio Lagoa de Dentro, no sítio Pajeú, na Feira Nova do Cajueiro, na vila da Rancharia, no sítio Ladeira Alta, no sítio Sangradouro, no sítio Ramalhete, no sítio Geraldo, no sítio Flamengo, no sítio Buenos Aires, no sítio Buracão, no sítio Soares, no sítio Baixio dos Cordeiros, no sítio Alto Alegre, no sítio Triunfo, no sítio Deserto, no sítio Cachoeira, no Povoado de Gergelim, na Vila de Nascente, no sítio Água Fria, no sítio Solidão; construção do açougue na Vila Lagoa de Barro, construção de açougue e mercado na Vila Morais e nos Povoados de Rancharia e Gergelim; construção de comissariados nas Vilas de Morais, Lagoa do Barro e Nascente e nos Povoados de Rancharia e Gergelim; construção do campo de pouso, construção do prédio da Telefônica de Araripina; construção de cisternas no sítio Baixio dos Cordeiro e no Povoado de Gergelim e mais dez pequenas cisternas em diversas escolas públicas municipais, construção de três banheiros públicos na sede do Município; aquisição de terrenos para a construção do escritório da CELPE, da sede do Projeto Sertanejo, do novo Posto de Saúde de Araripina, da torre de Televisão, do campo de futebol, do Centro de Educação Rural Luiz Gonzaga Duarte, da praça do Hospital e Maternidade Santa Maria, da primeira fábrica de calcinação de gesso, do prédio da Prefeitura; fez a arborização na sede do Município, nas Vilas de Nascente e Lagoa do Barro e nos povoados de Gergelim e Rancharia; nessas mesmas localidades implantou o curso ginasial e o serviço de iluminação pública e domiciliar. Implantou um sistema moderno de contabilidade na Prefeitura, a cargo de pessoal técnico. Junto às autoridades do Brasil, construiu o açude dos Baixio e em convênio com os prefeitos de Ouricuri e Trindade, construiu o açude público de Lagoa do Barro, para o abastecimento d’água dos três Municípios; com a ajuda do governo estadual, equipou a Casa de Saúde e Maternidade São José com material cirúrgico, raio X e aquisição de um ônibus ambulatório junto ao FUNRURAL; instalou o Centro Social Urbano de Araripina; criou os cursos profissionalizantes (corte costura, datilografia, bordado á mão e á máquina e de arte culinária) em Araripina; instalou Postos dos Correios nas Vilas Morais, Nascente e nos Povoados de Gergelim e Rancharia e Serrânia; construiu açudes no sítio Lagoa dos Gregórios e Lagoa de Nonato Pereira; instalou o FUNRURAL em Araripina; reconstruiu e ampliou os açudes públicos de Nascente, Lagoa da Campina, Gergelim, do Sahuén e de Sipaúba; construiu cercas de estacas de madeiras de arame farpado, para a proteção da Chapada do Araripe; criou o primeiro restaurante de alimentação escolar na sede do Município; comemorou pela primeira vez a festa de emancipação política do Município; realizou o débito da Prefeitura para o INPS.

SEBASTIÃO BASTISTA MODESTO
(SEBASTO) 

Nasceu em Araripina. Filho de Manoel Alves Batista e Maria Modesto Sobrinha. Fez seus estudos primários na cidade natal e se tornou autodidata. Pelo ato n.º 12, de 02 de setembro de 1946, do então prefeito Dr. José Araújo Lima, e nomeado Agente Estatístico, cargo que desempenhou com competência, passando posteriormente para o serviço público federal. Exerceu por duas vezes o mandato de prefeito, 1963-1968 e 1973-1977. Em razão de sua administração à frente da Prefeitura de Araripina, foi agraciado com as seguintes honrarias: Medalha de Honra ao Mérito – 1966, pela União Municipalistas do Nordeste; pelo mesmo órgão, Diplomas – Classificação Boa – 1967 Classificação Ótima – 1975; Diploma Honra ao Mérito, pelo Jornal Tribuna do Interior, de São Paulo, sendo ainda classificado como um dos DEZ MELHORES PREFEITOS, nos anos de 1974 e 1975; Diploma de Honra ao Mérito, pelo Rotary Internacional, João Pessoa-PB, 1975. Participou, com destacada atuação do Seminário sobre a Bacia do São Francisco, realizado em Juazeiro-BA, em 1975.

Fragmentos do Livro - Araripina - Histórias, Fatos & Reminiscências. De Francisco Muniz Arraes

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